Projeto Missão Ubaré da Universidade Federal do Amazonas - UFAM
O Projeto Missão Ubaré nasceu de uma necessidade de intervenção junto às crianças e adolescentes oriundas das ruas e de diversos bairros da cidade de Manaus e de Itacoatiara que estavam sendo exploradas sexual e comercialmente. O termo Ubaré significa Canoa do Conhecimento e nossa equipe é composta de profissionais de psicologia, pedagogia, educação física, serviço social e biblioteconomia, cujo grande desafio é promover a integração social de jovens menores, vítimas de violência sexual e que, em função dessa violência, transformaram-se em travestis e prostitutas. Foi implantado entre 2004 e 2005 e visa oferecer novas alternativas de vida e inserção das crianças e adolescentes na escola, no trabalho e na vida social. Surgiu com a preocupação do Ministério Público do Trabalho que estabeleceu convênio com diversas instituições entre elas a Universidade Federal do Amazonas - UFAM, que acompanhar e articula ações através de atividade que possam proporcionar a este grupo de crianças e adolescentes prostituídas de rua, novas alternativas, sócio-educativas além de atendimento médico, psicológico. Especificamente visa abranger dois eixos de atuação. O primeiro, ajudar por meio de oficinas educativas interativas as famílias e as crianças e adolescentes auxiliando-as rever ou a reconstruir suas representações sobre a sexualidade, rever seus valores, hábitos e atitudes e de seus familiares, através de atividades recreativas, culturais, físicas, pedagógicas como alternativas de re-educação. O segundo é estruturar e intercambiar, institucionalmente, via extensão universitária, a equipe interdisciplinar para acompanhar, monitorar e avaliar o processo de sensibilização e reeducação das crianças e suas famílias de origem para, com base nos indicadores de sucesso, facilitar a comunicação e intercâmbio com os profissionais e gestores de políticas públicas de prevenção e assistência às crianças e adolescentes vítimas da exploração sexual comercial. Em outubro de 2005, foram contratados trinta e três adolescentes, sendo onze adolescentes usuários de drogas, dos familiares seis membros eram usuários e todos foram trabalhados pela equipe. A média de idade é de 14 (catorze) anos, sendo 22 meninas e 8 meninos. Atualmente o Projeto faz parte das ações do Diretório de Grupo de Pesquisa Psicologia Cognitiva: Criatividade e Corporeidade do CNPq, por conseguinte, tentamos impedir juntamente com os Conselhos Tutelares do Amazonas a exploração sexual, comercial e tráfico de crianças e adolescentes vitimizados (abuso sexual no próprio núcleo familiar). A amostra foi dimensionada na faixa etária de 17 anos e 11 meses, Completando 18 anos são encaminhados para outros projetos da UFAM e uma nova vaga é aberta. Os grupos devem estar estudando, freqüentando com assiduidade a escola e que não estejam sendo reprovados. Caso não estejam cumprindo esses requisitos básicos, serão convidados a sair do projeto, entretanto, terão acompanhamento psicológico através do centro de Atendimento Integral de Saúde – CAIS da UFAM e também acompanhamento pedagógico na escola. Em todo momento os representantes legais acompanham as atividades de oficinas de estórias em quadrinhos, natação, dança, tênis de mesa, palestras sobre temas diversos. Visitamos as residências dos adolescentes para realizar o acompanhamento in loco (ambiente familiar). O fenômeno da violência doméstica infantil sempre esteve presente em nossa sociedade. Segundo Azevedo e Guerra (1988) esse fenômeno não é conjetural ou epidêmico, no que difere da Organização Mundial de Saúde que afirma que os dados pesquisados indicam a violência doméstica infantil seja um fenômeno endêmico, pois há fatores sociais precipitantes que favorecem a presença da violência no seio da família. As causas mais comuns que propiciam à violência doméstica infantil são as questões sociais, culturais, econômicas, religiosas, psicológicas e psiquiátricas, além de alguns fatores desencadeantes como o abuso do poder do mais forte sobre o mais fraco, o ciclo que é difícil de ser interrompido “pais agressores que foram vítimas de agressão”.
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