A Imagem restaurada pela Fisioterapeuta Laís Botelho egressa da Faculda de Fisioterapia - FEFF/Universidade Federal do Amazonas. Vanda Siqueira Cordeiro e Thomaz Abdalla Siqueira na antiga Chapada Siria, atual Sírio Libanês. O terreno foi doação do Avô materno Abdalla Kallil.
O regatão, primeiro português, depois judeu e árabe, assoma como figura importante dessa saga. Duas obras lhe traçaram o perfil: “O Regatão” (1938), de Mário Ypiranga Monteiro e “O Regatão – mascate fluvial da Amazônia” de João Alípio Goulart. Ambas foram publicadas há mais de 30 anos. Alípio acusa Mário Ypiranga de ter se limitado a estudar o “regatão” apenas no Estado do Amazonas, no que é seguido por Arthur Cezar Ferreira reis. Eu, por minha vez, observei que Ypiranga e Goulart falaram muito pouco dos “árabes” em seus livros, dedicando-os basicamente ao regatão português do século passado, certamente por haver mais documentos sobre essa época. Alípio Goulart, pelo que deduzi da leitura de seu livro, não viajou pelo interior da Amazônia nem esteve, por exemplo, em Manaus, na Praça dos Remédios ou na rua dos bares, onde teria grande manancial de informações com as famílias árabes que ali vivem e mercadejam. Em 1996, o advogado, tributarista, poeta e acadêmico Gaitano Antonaccio, manauara da gema, apesar do nome italiano, publicou interessante estudo: “A Colônia Árabe no Amazonas” — 400 páginas —, em que, valendo-se de seu convívio de mais de 40 anos com a colônia árabe de Manaus, das conversas de fim de tarde, do relacionamento familiar com grandes comerciantes de origem síria, amealhou vasto cabedal sobre esses imigrantes que dominaram, entre 1895/1930, o comércio do Amazonas como regatões, pelos rios, Amazonas, Solimões, Purus, Juruá, Madeira, dentre tantos outros rios.
Não se pode falar sobre a história de Manaus deste século sem citar os sírios-libaneses, os “árabes’ das ruas, dos Bares, Barão de São Domingos, Rocha dos Santos e das Travessa Tabelião Lessa, de que surgem sobrenomes como Mussa, Salem, Nadaf, Bulbol, Azize, Ossani, Nasser, Auache , Abdalla e muitos outros. Gaitano estuda os “batrícios” do Amazonas, dando a vários deles capítulos inteiros de seu livro. A falta de documentos, aqui e acolá, vale-se do depoimento oral, do relato da história testemunhada por gente de expressão como a ex-deputada Elizabeth Azize, autora de “E Deus Chorou Sobre o Rio”. Natural de Manacapuru, a pouco mais de 100 km de Manaus, Beth é filha de Rafael Azize Abrahim e neta de Azize Dibo Mussa, regatão sírio, que fez nome e fortuna mascateando pelos rios, de maneira especial na região da Manacapuru. Gaitano conta a saga dos Azize, como de tantos outros regatões “batrícios”, cujos filhos e netos, hoje são brasileiros plenamente. A família Abdalla Kallil se uniram em matrimônio com os portugueses Simões e Siqueira.
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