Lembranças de Singapura...

Crônica de Thomaz Abdalla em Singapura (Singapore): Como se tornar um educador.

Estava em conexão entre Cairo - Singapura. Meu voo teve de ser adiado devido superlotação e no balcão de embarque Singapura- Tokyo foi comunicado que eu teria que ficar três dias em Singapura. Eu fiquei desesperado,  pois só tinha dinheiro pra pegar o Shinkasem de Tokyo para Okayama e restante era para os ônibus 🚌.  A companhia não iria pagar o hotel e muito menos a estadia.  Acredito que era a Eastern Airlines, na hora chorei e pedi para um senhor inglês extremamente bem vestido que me ajudasse,  pois alguns ouvirem o diálogo com o atendente que era um indiano e que falava bem alto. O senhor inglês como um cavalheiro inglês disse em bom tom que não ia ajudar um brasileiro. 

Eu baixei a cabeça e um senhor japonês novo se apresentou e me deu três cartões  disse que um era para o hotel 🏨 e que todas as minhas despesas seriam pagas e o segundo era para o embarque do hotel para o Aeroporto. O terceiro era o contato da agência dele em Tokyo e que poderia procurá-lo quando chegasse em Okayama. 

Mostrei meu passaporte pra ele e meu Alien Registration Member Card (era assim que se chamava na época). Ele fez anotações e perguntou se era acadêmico da Okayama University (Okayama Daigaku). Eu confirmei, então ele disse que estava fazendo por mim o que qualquer pessoa do Japão faria por um estudante do país dele em apuros. Eu estava muito bem vestido e agradeci a ajuda.

Me lembro que o atendente indiano me deu uma moedas pra eu pegar ônibus para um bairro onde poderia encontrar um quarto. 

Enfim,  o hotel era 6 estrelas e estava tudo pago e também chorava muito de vergonha. Me explicaram que eu deveria aproveitar tudo do hotel e que o senhor japonês era gerente de viagens de Tokyo e era uma pessoa séria. No último dia agradeci na recepção e realmente estava tudo pago e tinha um motorista me aguardando para ir para o embarque ao aeroporto. 

Chegando no guichê estava outro indiano no lugar do anterior e eu devolvi as moedas recebidas num envelope e disse paraxele entregasse ao colega e sai com a cabeça levantada.

O voo foi direto e chegando em Narita tomei ônibus 🚌 e peguei o Shinkasem.  Não lembro mais a quantidade de horas,  mas acredito que foram 05 ou 6 horas de viagem. Cheguei em Okayama anoite e no outro dia fui pra faculdade.  O senhor japonês já havia contatado o Dr. Mitani Keiichi sentei e relatado toda a estória ocorrida no Aeroporto de Singapura.  Dr. Mitani conversou comigo umas três horas e pegou o telefone e ligou para o senhor japonês de Tokyo pra dizer que já estava bem e em companhia dele na faculdade. Passou o telefone e eu agradeci por tudo e disse que já podia restituir tudo devido ter recebido minha bolsa de estudos do Mombusho (governo japonês). Ele agradeceu minha atitude e que era uma honra que estivesse estudando no país dele e que também era responsável por mim dentro e fora do Japão.  Só pediu um favor... em algum momento da minha vida que eu encontrasse uma pessoa precisando de ajuda na Universidade, que eu fizesse o mesmo sem humilhar ou perguntar demais sobre o ocorrido. Era isso que ele desejava de volta.





É o que tento fazer aos meus 37 anos na UFAM - Universidade Federal do Amazonas. Quando eu deparo com um aluno sendo humilhado ou precisando de ajuda. Procuro até segurar a mão dele e dizer: - vamos seguir adiante, pois tudo é passageiro e você consegue resolver qualquer problema. Ao invés de censurar ou julgar... procuro ajudá-los e com isso adquiri várias famílias minhas também...

Educar significa apoiar, dar suporte e enfrentar os problemas. 

Thomaz Décio Abdalla Siqueira 🌻. ☀️


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