Resumo da Pesquisa do Doutorado em Psicologia Clínica na USP.


Terapia Racional-Emotivo-Comportamental: um Estudo de Caso com Quatro Reclusos da Casa de Detenção “Professor Flamínio Fávero” - Complexo do Carandiru em São Paulo.


Foto: Na Faculdade de Educação Física - FEF - Universidade Federal do Amazonas - UFAM - Direita - Ana Lúcia, Meio - Lourdes e Thomaz.
Thomaz Décio Abdalla Siqueira[1]
Universidade Federal do Amazonas – UFAM
Nilce Pinheiro Mejias [2]
Eda Terezinha de Oliveira Tassara[3]


Este trabalho apresenta estudo de caso realizado, no ano de 1996, com quatro reclusos da Casa de Detenção “Professor Flamínio Fávero”, do Complexo Penitenciário do Carandiru, em São Paulo. O autor relata, no primeiro capítulo, sua experiência anterior no presídio feminino do Complexo do Carandiru, em 1982, quando estagiou fazendo acompanhamento no Serviço de Psicologia. Nessa época, começou a perceber a situação irracional vivida pelas detentas. A seguir, relata suas práticas profissionais, a partir de 1985, em que começou a trabalhar com a Terapia Racional-Emotivo-Comportamental. Essas experiências levaram o autor a elaborar sua tese de doutorado, em 1996, objetivando aferir as possibilidades de reorganização de crenças e comportamentos dos quatro reclusos que se submeteram a essa terapia. No segundo capítulo, o autor apresenta as premissas e fundamentos da Terapia Racional-Emotivo-Comportamental, criada por Albert Ellis, o qual enfatiza que os pensamentos e as crenças dos indivíduos determinam, em grande parte, os seus comportamentos. Ellis acredita que as crenças e os comportamentos individuais podem ser estudados e analisados objetivamente e o papel do terapeuta é possibilitar que o cliente perceba que as crenças o levam a ter esse ou aquele comportamento, e a partir disso, reorganizar suas crenças para fazer escolhas ou opções que o levem a viver feliz. Essas escolhas ou opções que o indivíduo fará resultam de aprendizagem, ou seja, Ellis elabora um modelo de aprendizagem para o tratamento de distúrbios emocionais e desvios de comportamento. Esse modelo de aprendizagem chama-se ABC da Terapia Racional Emotivo-Comportamental, o qual pressupões que os eventos ativadores – “A” – constituem pessoas e coisas com as quais os indivíduos se deparam; que os pensamentos, cognições ou idéias – “B” – constituem as noções e crenças que os indivíduos têm de “A”; e que os comportamentos e sentimentos – “C” – constituem as reações provocadas por “B”. Esse modelo de aprendizagem se completa com o debate das crenças (D) e pela percepção de mudanças das crenças irracionais por parte do cliente (E). Para Albert Ellis, o próprio cliente é responsável pela sua mudança comportamental. No terceiro capítulo, o autor explicita o objetivo geral dos estudos realizados, que consistiu em possibilitar aos quatro reclusos elaborarem pensamentos e crenças compatíveis com a realidade social, permitindo-lhes adotarem comportamentos compatíveis com essa realidade. No capítulo seguinte, o autor relata as sessões terapêuticas realizadas com os quatro reclusos, registrando seus depoimentos e pensamentos. Na conclusão, o autor apresenta as suas avaliações, analisando as crenças e os comportamentos exibidos pelos reclusos durante as sessões terapêuticas e durante os encontros ocorridos depois que os quatro reclusos receberam o indulto especial e condicional por Decreto Presidencial n.° 1860/96 e finalmente deixaram a Casa de Detenção “Professor Flamínio Fávero”.

Palavras-Chave: Reclusos, Terapia Cognitiva Comportamental, Crenças Irracionais


[1] Professor Pós-Doutor em Psicologia Social pelo Departamento de Psicologia Social e do Trabalho da Universidade de São Paulo – USP. Professor Adjunto Nível IV da Faculdade de Educação Física - FEF da Universidade Federal do Amazonas – UFAM. Bolsista CNPq - E-mail: thomazabdalla@ufam.edu.br.
[2] Orientadora Inicial (Falecida antes da conclusão da investigação).
[3] Universidade de São Paulo – USP – Instituto de Psicologia Clínica. Orientadora final [grifo do autor] da Tese.

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